depoimento
João Magalhães
Conheci
Rodrigo Souza Leão através de sua amiga, a artista plástica Julia Debasse,
na época minha aluna, que o incentivou a matricular-se em meu curso de
pintura na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Sempre acompanhado de
seu irmão Bruno, Rodrigo tornou-se rapidamente querido pela turma. Atento
à produção de seus colegas de aula, tinha sempre algo relevante a
comentar.
As
apresentações de suas pinturas eram momentos especiais: as imagens falavam
de situações complexas e fantásticas sobre as quais Rodrigo discorria com
inteligência e muito humor, apesar da quase constante dramaticidade de seu
trabalho. Pintava muito, a cada aula tinha sempre algo a
apresentar.
Eu
não conhecia sua obra literária, nem sabia que já era um autor
reconhecido. À medida que Rodrigo comentava sobre seu trabalho como
escritor e sua trajetória, comecei a ler alguns de seus livros: seu texto
era admirável. Foi mesmo um grande escritor. Aprendi muito com seus
comentários sobre literatura, assunto que conhecia profundamente.
Foi
levado a ter aulas de pintura na EAV por incentivo de seu primo e padrinho
de batismo Paulo Sergio Duarte; o intuito principal era fazer com que
Rodrigo saísse de casa, pois, devido à síndrome do pânico, não o fazia há
cerca de vinte anos. Tenho orgulho de ter colaborado indiretamente com
esse enfrentamento da síndrome, pela pessoa e pelo
artista.
Rio
de Janeiro, setembro de 2011.
João Magalhães é artista plástico, mestre em Linguagens Visuais (UFRJ) e professor de pintura da Escola de Artes Visuais do Parque Lage.
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