Lamento por rodrigo
Affonso Romano de Sant'Anna
Rodrigo de Sousa Leão, o Seomário, era uma figura única. Soube lá na Flip, pelo Ramon [Mello], que me entrevistava, que Rodrigo havia sido internado e morrido naquele dia. Seomário se foi. Perplexidade! Como? Por quê? Onde? Se ainda há dias falávamos por telefone e ele me mandou aquele texto sobre a esquizofrenia sua e geral, analisando o personagem Tarso de "O Caminho das Índias" [clique aqui e leia]? Conversamos sobre onde e como seria melhor publicá-lo, já que era um testemunho importante sobre a doença, mas sobretudo sobre ele mesmo poeta, prosador. Ele tinha tido contato eventual com Glória Perez, mandou-lhe uma carta quando ela deu entrevista à Leda Nagle. Achava que fazer Tarso cometer um assassinato era um estímulo perigoso a outros enfermos. E acreditava que o personagem tinha, de algum modo, algo dele, pois ele, esquizo, tinha também ganho um concurso literário, etc. Há vários anos tínhamos contacto. Mandei-lhe livros. Dei-lhe endereços. Ele enfrentava com a dualidade típica, extremamente lúcida dentro de seus paradoxos. Sua obra pode e dever ser melhor reavaliada.
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/ julho / 2009 Affonso Romano de Sant'Anna. Um dia, dizendo seus poemas no Festival Internacional de Poesia
Pela Paz, na Coréia (2005); ou fazendo uma série de leituras de poemas no
Chile, por ocasião do centenário de Neruda (2004); ou na Irlanda, no
Festival Gerald Hopkins (1996); ou na Casa de Bertold Brecht, em Berlim
(1994); outro dia, no Encontro de Poetas de Língua Latina (1987), no
México; ou presente num encontro de escritores latino-americanos em Israel
(1986); ou participando do International Writing Program, em Iowa (1968);
Affonso Romano de Sant'Anna tem reunido através de sua vida e obra, a ação
à palavra. Nos anos 90, foi escolhido pela revista "Imprensa" um dos dez
jornalistas que mais influenciam a opinião pública. Em 1973, organizou na
PUC/RJ a EXPOESIA, que congregou 600 poetas desafiando a ditadura e
abrindo espaço para a poesia marginal; foi assim quando em 1963, no
início de sua vida literária, tornou-se um dos organizadores da
Semana Nacional de Poesia de Vanguarda, em Belo Horizonte. Com esse mesmo
espírito de aglutinar e promover seus pares, criou, em 1991, a revista
"Poesia Sempre", que divulgou nossa poesia no exterior e foi lançada tanto
na Dinamarca, quanto em Paris, tanto em São Francisco quanto New York,
incluindo também as principais capitais latino-americanas. Atento à
inserção da poesia no cotidiano, produz poemas para rádio, televisão e
jornais. Tem vários poemas musicados (Fagner, Martinho da Vila). Foi por
essa e outras razões, convidado a desfilar na Comissão de Frente da
Mangueira na homenagem a Carlos Drummond de Andrade, em 1987.
Apresentou-se falando seus poemas, em concerto, ao lado do
violonista Turíbio Santos. Tem também quatro CDs de poemas: um
gravado por Tônia Carrero; outro com participação especial de Paulo
Autran; outro na sua voz, editado pelo Instituto Moreira Salles e o mais
recente pela Luzdacidade, com a participação de atrizes e escritoras. Seu
CD de crônicas tem participação especial de Paulo Autran. Escreveu dezenas
de livros de poemas, ensaios e crônicas. Como cronista, aliás, substituiu
Carlos Drummond de Andrade no "Jornal do Brasil" (1984). Site e blogue
oficiais: www.affonsoromano.com.br |
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