LOWCURA

 

Valéria Tarelho

 

amores platônicos
quereres utópicos
tumores malignos
viroses atípicas

 

testes tsunamis tremores
:
a Terra dando o troco
na base do olho por olho
— e humor negro mode on

 

estamos em transe
entre o tatibitati
o terror atômico
o pandemônio

 

satélites sondam
a rotina das formigas
e há agentes no amálgama
da [podre] boca da noite

 

— daí a fuga
para não sei onde —

 

tocs vem
tiques vão
truques variam
conforme o chip
enxertado no chope do dia

 

poesia é choque
prosa é chilique

 

o mundo fica mudo
quando a mente
não dá tilti

 

veja
[mais próximo da lente que aumenta
o pé da letra]
:
há um psicotrópico ultravioleta
no menu de ofertas

 

rimas brancas
rosas negras
riso tatuado de cor pimenta

 

para a[r] dor de cabeça
líricas demãos
do velho verniz
que adoça ideias suicidas

 

psiu, ouça
:
todos os cachorros
são azuis

 

e plutão, coração
não é mais planeta

 

— disse uma voz — 

 

Lowcura: blogue do poeta, jornalista e músico Rodrigo de Souza Leão, que foi ali em Marte fazer [mais] arte e a quem dedico este poema [a]tentado: um grito misto de febre de realidade com surto de ficcionismo.

 

 

14 / março / 2010

Dia da Poesia

 

 

Valéria Tarelho. Nascida em Santos, é mãe de quatro, esposa de um, avó em exercício, advogada em extinção. Participa do Livro da Tribo, antologias diversas e é autora de Sol a Cio (São Paulo: Editora Landy, Coleção Alguidar, 2010). Edita o blogue Textura.

volta <<<