janelas deitadas

(síndrome)

 

 

o primeiro dia

 

vendavais de amolictil

acalmam o silêncio

 

etílicos deitados

bebendo seu gardenal

 

o cérebro sufocado

a química cerebral

 

antenas recebendo

doses de fenergam

 

masturbam-se velas

pílulas bailarinas

 

a noite flutua

horrenda tarde

 

aqui a dentadura

me fala sombras

 

 

 

 

fátima (enfermeira)

 

o mar

navega

em fá

de falésias

 

meu infinito

ruge

 

o tempo

enjaulado

transmuta

ejacula

mutações

 

adrenalina

falta

ao cérebro

que

navega

em ré

médio

 

 

 

 

os sapos

 

na lagoa a neblina

esconde os sapos

 

quantos sapos

engole a neblina?

 

quanta neblina

engolem os sapos?

 

quantos sapos

engoli hoje?

 

quantos sapos

estão calados?

 

quantos sapos

sabem do fato?

 

que sou

também um sapo?

 

 

 

 

pergunta

 

as respostas

não estão

nas hóstias

 

as respostas

não estão

na bula

 

simplesmente

não há

respostas

 

nenhum

deus

que se engula

 

 

 

 

psiquiatria

 

ampulhetas douradas

na cauda da sereia

 

seriam os brincos

nos lóbulos de vênus

 

ou uma alucinação

ou coisas de santo

 

depois do haldol

ninguém viu deus

 

 

 

 

*

 

no banheiro silencioso

o barulho do aquecedor

é o mantra do suicídio

 

 

 

 

resumo

 

pulei

de uma janela

deitada

 

andei

na nata iceberg

do leite

 

caí

de pára-quedas

no nada

 

subi

cavando

com enxada

 

 

Este livro é dedicado ao Bruno, Seo Cid, Antonio e Maria e ao Dr. Sanio Swartz 

 

[clique aqui e leia o livro]

volta <<<