dos demônios que movimentam a arte
Cultura.rj conversa com Ramon Mello
[
©tomás rangel ]
Ramon
Mello, que adaptou novela de Rodrigo de Souza Leão, conta como a obra do
escritor, morto precocemente, vai muito além da literatura sobre a
insanidade
O
poeta, ator e jornalista Ramon Mello era
repórter do Portal Literal quando
teve em mãos, pela primeira vez, um livro de Rodrigo de Souza
Leão. Em
poucas horas devorou Todos
os cachorros são azuis (7Letras,
2008), novela que narra, em prosa onírica, o cotidiano de um interno numa
clínica psiquiátrica. Encantado pela obra, Ramon propôs uma entrevista ao
autor, que vivia, há anos, enclausurado em seu apartamento, entre surtos
auto-divulgados de esquizofrenia. Cultura.rj:
Você conheceu o Rodrigo de Souza Leão quando leu Todos os cachorros são azuis; em
seguida, fez uma longa entrevista com ele, e acabou se tornando, meses
mais tarde, o organizador de sua obra póstuma. O que fez com que você
mergulhasse tão fundo no universo do Rodrigo?
Ramon
– Iniciei
o projeto em 2008. Assim que li o livro, pensei: “Tenho que adaptar para o
teatro”. O projeto se concretizou em 2010, quando fomos contemplados com o
edital de artes cênicas do Oi Futuro. A ideia inicial era fazer um
monólogo [risos]. Hoje o espetáculo conta com cinco atores: Bruna Renha,
Camila Rhodi, Gabriel Pardal e eu. A adaptação sofreu modificações ao
longo do processo, mas por fim se pautou na ideia de cinco atores fazendo
as diferentes personalidades de um único personagem. Assino a dramaturgia
com o diretor Michel Bercovitch e o assistente de direção Flavio Pardal,
além de contar com a especial colaboração da escritora Manoela
Sawitzki.
Colaboração
de Juliana Krapp
Ramon Mello é poeta, jornalista e ator — formado pela Escola Estadual de Teatro
Martins Pena. Como repórter entrevistou mais de 120 escritores
brasileiros. Organizou Escolhas (Língua Geral, 2009), autobiografia intelectual da professora Heloísa
Buarque de Hollanda.
Pesquisou e coorganizou Enter,
antologia digital (2009). Participou das antologias Como
se não houvesse amanhã — 20 contos inspirados em letras da Legião
Urbana (Record, 2010), Rio-Haiti,
101 histórias (Garimpo Editorial, 2010), Liberdade
até agora (Móbile Editoral, 2011). É autor do livro de poemas Vinis
mofados (Língua Geral, 2009) e responsável pela obra do poeta Rodrigo
de Souza Leão,
falecido em 2009. Mantém o blogue Sorriso
do Gato de Alice [http://sorrisodogatodealice.blogspot.com/].
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